segunda-feira, 8 de junho de 2015

Alexander Liberman


"É cobra. Pode jogar no bicho que dá cobra", diz, com um sorriso largo, o taxista aposentado Alexander Liberman sobre o número marcado em seu antebraço esquerdo: A18.534. O bom humor certamente o ajudou a chegar aos 80 anos e não dá pistas do que a vida lhe reservou até aqui. Aos 9 anos, levou um tiro e passou por sete campos de concentração na Polônia, Alemanha, Áustria e Bósnia. Perdeu pai, mãe e três irmãos, mortos pelos nazistas. Com o fim da Segunda Guerra, foi levado para a Rússia e conheceu Josef Stalin. Soldados soviéticos ficaram tão impressionados com seu precário estado de saúde que decidiram mostrá-lo ao ditador. Em 1947, embarcou no navio Exodus para Israel, que levava ilegalmente refugiados judeus, mas acabou preso na ilha de Chipre após confrontar tropas inglesas que interceptaram o navio. Mais tarde, já sargento do Exército israelense, foi atingido por estilhaços de duas granadas durante a Guerra de Independência do país. Uma delas o deixou surdo de um ouvido. Tudo isso até os 21 anos de idade.Aos 25, veio para o Brasil, onde foi motorista de táxi até cerca de dois anos atrás nas ruas do Rio de Janeiro. E só recentemente ganhou coragem para contar sua história: "Antes eu me revoltava... Agora conto porque já estou no final... É lógico que me emociono lembrando, já tive muito pesadelo com isso. Mas não tenho mais. O que tinha que passar, passei. Perdi tanta coisa na minha vida... Mas agora estou tranquilo."

Um comentário: